terça-feira, 9 de março de 2010

A queda do mito: nº 1

Vou inaugurar um série de imenso sucesso internacional, e quem sabe talvez nacional, que espero que tenha mais do que um capítulo, se não tiver, também estou completamente a lixar-me.

Esta série irá tentar quebrar muitas das ideia e frases feitas que existem na tuga sobre angola, país e povo, e que ouvimos vezes sem conta quando nas nossas pacatas férias, bombardeiam-nos sempre com as mesmas perguntas.

Ao início ainda tem piada, depois começa a chatear, e por fim apetece mandar dar uma volta. Aliás isso até foi uma das principais razões que me levou a escrever um blog, contar as coisas, de modo a perguntarem-me menos. Isso e procurar meter nojo sempre que posso.

Bom, isso tudo porque esse foi um fim-de-semana grande, porque aqui os angolanos dão muito valor à mulher, e respeitam-a acima de tudo, por isso resolveram fazer do dia 8 de Março, um feriado, para que a dama possa ficar em casa a descansar, depois, claro está, de fazer o almoço, jantar, lavar a casa, passar a ferro e tratar dos putos.

Então resolvemos ir na segunda fazer praia e almoçarada a Sangano (lá está o mete nojo).

Armados em pulas abastados, que chegam a Angola, e como a lagosta e todo o marisco em geral é barato, e abunda de modo absurdo, chegando ao ponto das lagosta virem dar à costa devido à sobre lotação do mar. Pelo menos é isso que rezam as lendas.

Pois bem, então lá pedimos um prato de lagosta, pela módica quantia de 3000 kz (26€), sempre é mais barato do que em Portugal, pensei.
O repasto consistia num bicharoco desses grelhado, acompanhado de batata frita (algo novo para mim...). Enquanto salivávamos à espera do tacho, imaginando um espécime crustáceo de tamanho épico, que transbordaria da travessa, e cujas pinças não caberiam na minha mão, lá bebíamos a bela da cervejinha fresca.

Ah pois... Puro delírio...

Nisto, passado meia hora, à espera, num restaurante em que se esgotaram as entradas, apenas havia agora pão e manteiga, mas... nem vê-lo... bebermos uma cerveja quente, e outra aceitável com a barriga a roncar,

Martinho esfomeado.

Quando finalmente chega-nos à mesa: O Prato!

Com, pasmem-se, não uma, não duas, mas sim três magníficas lagostas! E pelo mesmo preço!


Lagosta bebé...

Senti-me assim como que, vá lá, uma espécie de pedófilo do mundo crustáceo, mas apesar de tudo, confessar envergonhadamente que até estava saboroso e comi que nem um alarve.

O empregado a rir como só os angolanos sabem fazer quando supostamente deveriam estar atrapalhados ou estão a levar corrida, diz-nos que meteram mais lagostas em cada prato para compensar serem pequenas.
Podiam ter dito antes, se quisesse comer camarões tinha pedido.

Finda a refeição, é daqueles casos em que se diz, "As entradas estavam boas. Quando é que chega o prato principal?"

segunda-feira, 1 de março de 2010

Verbete

Há uma coisa que sempre me fez grande confusão aqui em Angola. (há muitas, muitas mesmo, diria até bués, mas enfim, esta é uma delas)

O livrete dos veículos!

Ao adquirir-se uma viatura nova, não é logo entregue o livrete definitivo do mesmo. Não, isso seria demasiado prático e simples, que cabeça a minha.

Então, entregam-nos um papel tipo o da foto acima, que como indica lá, é um verbete, e substitui o livrete temporariamente até que o livrete definitivo seja finalmente emitido.

Só que como todas as coisas temporárias em Angola, acabam por ter um carácter qualquer coisa parecida com definitivo, portanto este imbróglio não tem por que ser diferente. Como podem constatar, o "papeleco" em causa foi emitido a 17 de Março de 2008, logo estamos perante uma situação "temporária" de 2 anos. Nada de anormal portanto.

O único senão é que como podem ver, o próprio verbete, ou "papeleco", tem validade de 3 a 4 meses, o que nos obriga a ir revalidar o documento periodicamente, até termos o livrete da viatura. Essa renovação é feita com um carimbo no verso do papel, no meu caso, já muito desgastado coitado.
Diversos carimbos de prorrogação da validade
(de 4 em 4 meses leva um novo)

Há casos de as renovações serem tantas, que o espaço no verso é já insuficiente, e tornava-se completamente ilegível qualquer novo carimbo, que obriga-os a fazer o que é mais lógico e sensato.
Fazer um novo papel? Claro que não... Vocês têm cada ideia. Passam a pôr estes carimbos na frente do documento.

Ainda não cheguei lá, mas estou optimista, vou no bom caminho. Torçam por mim!


Juntando o facto de a revalidação apenas poder ser feita após passada a data de validade, no limite andamos ilegais por um dia (ou dias, depende da perguiça...). O que até é conveniente para os apertados orçamentos familiares dos diversos agentes que zelam pela segurança pública, trânsito e interesses próprios, quando apanham um motorista menos atento a essa coisa dos prazos.

E porquê esta história toda ao fim de dois meses sem escrever qualquer coisa no blog? Vir agora falar de livretes, verbetes e carimbos?

É que chegou a hora de renovar o meu papelinho.

Ou não chegou? Não sei...
Será vitalício? Fiquei confuso...

Atentem na data de validade da renovação mais recente
(assinalada a vermelho)


PS: Se não percebeste, tens lugar garantido na Direcção de Viação e Trânsito, com entrada directa para os quadros.