quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sangano parte 3 - O meter nojo!

Após a tal viragem à direita, de deparamos com a primeira placa informativa sobre Sangano. Veio mesmo a tempo... Estávamos perdidíssimos... Enfim, em frente.
Placa indicativa.


Após já estarmos orientados, seguimos pelo trilho e começamos a avistar mar pelo meio da poeira que se levantava fruto da potência exacerbada do motor 1.3 dos nossos Jymmis.
A descida para Sangano.

Vista para a praia dos barcos.

O sítio escolhido para comermos como uns animais, foi um restaurante em chão de areia e coberto, mas que até tinha um aspecto bastante limpo. O Fernando e o Ambrósio já lá tinham ido e conheciam o dono, o Ricardo, é natural de Setúbal. A terra dos chocos fritos e de lontrinhas apetitosas. O nome do tasco? O Careca!

O Careca! Com a cozinha ao fundo. Se a ASAE visse isso...

Esse gajo levou nas orelhas forte e feio do dono, até tive pena.

O peixe aqui é do mais fresco que se pode ter. Era ver chegar gajos da praia, com peixe acabadinho de pescar, bem como mariscos e essas coisas. Por isso a ementa é assim algo para o mutável, pedimos uma mista de peixe grelhado. O gajo faz uma mistura com o peixe que está a sair do grelhador, e lá sai a mista.

Mas enquanto esperávamos pelo peixe, vieram para a mesa umas entradas simples.

Mexilhões e salada de búzios bem apurados.

Uma bruxa (tipo cavaco) recheada com uns mexilhões manhosos, sempre acompanhado pela bela Cuca.

Ah, Cuca é uma cerveja angolana, bebe-se bem. Como estava calor, pedimos ao Ricardo para o peixe sair mais tarde, porque íamos ali ao lado, dar um mergulho na praia. O inverno, que aqui se chama cacimbo, é bastante rigoroso!
Dar um mergulho no mar.

Bom, já mais refrescados, foi hora de voltar para a mesa. Mais uma Cuca geladinha. Até o Bruno que é menino e não bebe cerveja, também alinhou nas cervejas!
A mista de peixe! Corvina, uma Bruxa e outros peixes, desconhecidos mas saborosos.
O pessoal e eu, a tirar a foto...

O repasto, com o ananás no final, mais café (pensal...), e um whisky para digestivo, ficou por 30€ a cada. Só pagamos mesmo no fim do dia, aqui é à confiança! O resto do dia foi passado a fazer a digestão de papo para o ar, o dia tinha sido cansativo, estava na altura de descansar um bocado.

Seguem-se fotos avulso do local.

Estas são da praia do lado direito, perto do Careca, onde tem uns barcos de pescadores. O lado esquerdo da praia é completamente diferente, com umas árvores e outros restaurantes mais caros.


O Fernando e o André, a ganhar coragem para entrar na água gélida.
Será que foi o jeco que roubou esse chinelo?

Depois de um dia em cheio, o sol já se punha, era então horas de irmos pagar e ir para casa.

O regresso.

E foi assim a nossa aventura no Sangano. Esse fim-de-semana estamos a planear ir para Malange, a ver vamos se se concretiza!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sangano parte 2 - A viagem!

Tal como já tinha dito, acordamos cedinho no domingo, para estar pronto às 9h em ponto, só que já nos tinham dito que em Angola não existe horas nem pontualidade, também com o transito facilmente o horário vai por água (às vezes literalmente quando chove torrencialmente por breves minutos). Portanto, houve atrasos, e lá arrancamos pelas 10h, para irmos buscar mais dois colegas.

O Fernando no seu poderoso Jimmy branco, o nosso é bem melhor que o dele, é cinzento.

Após a recolha, lá nos metemos em direcção a sul. Passamos em primeiro lugar por Benfica (ao menos foi primeiro em alguma coisa este ano, vá lá). É aqui que se situa um conhecido mercado de artesanato angolano, com pinturas, esculturas em madeira, todas essas cenas típicas que dão excelentes ofertas quando não sabe o que dar. São é um pouco caras ao que parece, mas se formos lá no final do mês consegue-se negociar melhor, as contas estão a cair...
Por isso já sabem, se algum dia eu vos oferecer um quadro ou estatueta, não foi comprada nos ciganos! Mesmo que diga "made in china" eu juro que é original.

Mercado de Benfica - Estatuetas, quadros e tapetes.

Mercado de Benfica - Quadro artesanais com vários motivos angolanos, desde palancas a imbondeiros.


Uma foto catita, em que se vê Mussulo ao fundo.


Umas casotas lá no meio do nada.

A estrada é apenas de uma faixa para cada sentido, e são longas rectas atrás de longas rectas, o que torna um perigo se estivermos cansados. Mas estávamos confiantes! As pessoas aqui são civilizadas a conduzir. Por isso lá continuamos o nosso percurso, ainda faltava muito caminho para lá chegarmos.
Nem todos têm capacidade para aguentar a dureza deste percurso. E o que resulta disto meus amigos, é a selecção natural na sua mais dura realidade! É só ver camiões de marcas chinesas muito manhosas a encostar e a dar o berro. Caiem que nem tordos.

Não é Toyota, não aguenta.

Seguia-se então uma passagem pelo único sítio aqui de Angola onde se paga portagem. A ponte sobre o rio Cuanza, o rio que dá o nome à moeda angolana. Aqui paga-se 210Kz, mas já ouvi dizer que também há tabelas, não em função da altura do veículo, mas sim em função da brancura do condutor.

Uma recta jeitosa, com a ponte do Rio Cuanza lá ao fundo.

Mal sabíamos nós que não seria só essa taxa que iríamos pagar. Mas mais uma vez, estávamos ilegais graças à empresa. Tínhamos uma fotocopia, caducada do verbete do carro, sendo que é obrigatório termos a original (caso seja necessário apreender os documentos, aqui funciona assim para garantir que a multa é paga). Portanto o carro iria ser apreendido, e estragava-nos logo o dia, porque ficávamos sem carro. E como fui muito bem educado, fui falar calmamente com os senhores polícias, falei 4 mil vezes com ele (em euros falaria 40 vezes apenas), e resolveu-se a situação. E lá seguimos novamente caminho, com o Bruno todo mal disposto.


A portagem da ponte.

Note-se que a bola e seta a vermelho, na foto, não são mais do que um mero e acidental efeito do sol. Não gosto de apontar nomes. Não sou um bufo!

O rio Cuanza.

Aqui em Angola, a sinalização é praticamente inexistente. E a pouca que há, muitas vezes encontra-se em mau estado. Diga-se que nomes de ruas e essas coisas, são muito confusos, havendo mais do que um nome para certas ruas. Por isso, temos que recorrer à boa arte do desenrasca. Zonas, marcos, cartazes, árvores, pontes, carros em sucata, tudo serve de GPS.

Sinalização, onde não consta qualquer referência a Sangano ou Cabo Ledo (foto desfocada).

Estrada longa no meio do nada

A paisagem que nos envolvia.

Segundo as indicações que nos haviam sido dadas anteriormente, não havia que enganar. Segues para sul depois de Benfica. Segue, segue, segue, segue... não vira! Até encontrarmos umas pedras do lado direito a dizer restaurante. Aí viras para o trilho de terra batida à direita que encontrares. Simples.


Pedras a dizer restaurante! Agora é só virar à direita...

E lá virámos, seguindo pelo trilho de terra batida.

Amanhã há mais, a 3ª e última parte desta aventura rumo a Sangano, onde irei mostrar o sítio e o que por lá fizemos.

Não perca o próximo episódio porque nós também não!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Sangano parte 1 - National Geographic

Na passada segunda-feira calhou ser o Dia de África. Que sem dúvida foi sempre o meu feriado favorito. Então quando calha junto a um fim-de-semana, não há nada melhor.
E como não existe em Portugal, e vocês todos tiveram que ir trabalhar (ou estudar), foi mesmo cinco estrelas!

Para comemorar esta efeméride tão marcante para a minha vida, resolvemos no domingo ir nos aventurar pelos meandros do continente mãe.
Fomos um grupo de 6, para que conste o Fernando, o Paulo, o Ambrósio (Não, não era o motorista, nem tinha Ferrero Rocher), o André, o Bruno e Eu. O Luís tinha ido para o Mussulo.

Como bons tugas que somos, combinamos sair às 9h em ponto, sem falta(!), para fugir ao trânsito e chegar lá cedinho para aproveitar o passeio ao máximo. Portanto, tal como previsto arrancamos pelas 10h30.

A caminho do desconhecido! Rumo à aventura! A adrenalina palpitava!

É verdade que falhamos de modo quase vergonhoso, não levamos nem geleira nem as sandochas para matar o bicho (o garrafão é que era)! Mas no entanto como planeávamos comer por lá um peixinho grelhado e uma mariscada, ninguém ficou preocupado.
O destino era:
- Cabo Ledo (+/- 100km)!

Para onde fomos afinal?
- Sangano (+/- 80km)!

Alteração esta motivada por incontingências (ou deveria eu dizer continências?) de percurso. Fomos parados pela polícia, logo depois de pagar as portagens da ponte sobre o Rio Cuaza (não me perguntem porquê, mas o rio escreve-se com CU, e a moeda com KW, fashion?) ao fim de quase um mês a escapar-lhe.
E como não podia deixar de ser, tínhamos os documentos do carro caducados há quase dois anos (viva o Director dos Transportes da empresa).
Iam apreender o carro, e para não estragar o nosso dia, lá tivemos que "desbloquear a situação". Duas notas de 2mil kz no meio dos documentos, e passamos a estar perfeitamente legais.

As coisas estavam a correr mesmo bem!

Esperava-nos um longo percurso, cerca de mais 1 hora de viagem!
Assim, para me entreter lá saquei da máquina fotográfica, para captar a magnífica vida animal no seu estado mais puro, e registar para sempre através da objectiva as pequenas preciosidades que nos deparássemos, assim numa de David Attenboroug. As expectativas de encontrar girafas, leões, elefante e gazelas eram bastante elevadas!


Resolvi abrir a janela para as fotos ficarem com melhor qualidade. Digo a título de curiosidade, que não andava de carro com a janela aberta desde que vim para Luanda, por motivos de segurança, por termos A/C e porque não pagamos a gasolina. E então lá andava eu de cabeça meio de fora da janela, a levar com o vento na cara, e por estranho que pareça até é uma sensação deveras agradável. Aqui que ninguém nos houve, começo a compreender os cães. Não tive foi coragem de por a língua de fora, confesso.

Os bichos que nos deparamos eram mesmo estranhos, diga-se que a fauna selvagem que encontramos nas imensas savanas africanas não parava de nos surpreender. Por tal, resolvi elaborar uma curta reportagem fotográfica, digna de fazer capa na revista do National Geographic.


O irrequieto Bicho-da-água. Ou será, a irrequieta Bicha-da-água?


Uma espécie de hiena, ou cão sarnento, dizem os nativos.


Dentro dos cesto, habitam as mais venenosas cobras africanas. Só saem à noite, pena.

Os famosos Abutres-da-Gasosa! Uma ave-de-rapina que aproveita-se da espécie pula.

Ao que tudo indica, uma carcaça de um majestoso elefante Africano.


Um jeco-rouba-chinelos-do-André. Um dos mais perigosos canídeos angolanos. Notem o olhar feroz que efectua para com o chinelo. (Amasing!)

O perigoso caranguejo-assassino-da-areia. Diz-se que um só espécime destes esquartejou um homem em mais de 3 mil bocados.

Um pula-cota-relativamente-forte-da-areia.

Amanhã continuo a reportagem com mais fotos de Sangano. O sítio é mesmo espectacular.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Multicaixa

Em Angola não existem Multibancos!

O nosso tão conhecido e útil multibanco.

Mas não desanimem! Nós temos o MultiCaixa!


Então como é que se faz para termos um serviço completamente novo, original e que encha de orgulho a população pelo produto, digamos, nacional?

1º - Substitui-se no nome, a palavra "Banco" por "Caixa".
Questiono-me aqui se não terá alguma influência do Scolari. Sim, porque segundo ele "Banco é Caixa!". (Agora num campo já algo hipotético, se se chamasse "MultiMatraquilhos" será que passaria a ser "MultiPimbolim"?).

2º Altera-se a mascote, passando de uma espécie de cartão, para a uma flor avermelhada. Mantêm-se o mesmo sorriso estúpido (adicionando dentes brancos) e as mãos com três dedos e luvas do tipo Rato Mickey.

3º Não é preciso alterar o símbolo de escudos ($), porque agora em Portugal mudou-se para o Euro (€). Apesar da moeda ser Kwanza, de símbolo Kz, sempre se pode dizer que é o símbolo do Dólar.

4º Alteram-se as cores da máquina, para azul e laranja.

5º Mantêm-se o software idêntico, porque é dos melhores que por aí anda.

Assim obtêm-se algo novo e completamente original.

A Multicaixa

Ou será igualzinho a outro? Não, claro que não! Eu e a minha má língua...

Aceitam regra geral cartões do banco a que pertencem, mas já muitos aceitam visa-electron e visa, o que nos facilita a vida, dado não termos ainda contas angolanas.
Só é pena que não haja muitos serviços ainda disponíveis para além dos levantamentos e transferências.

PS: Bem que poderiam ter retirado aquela mensagem irritante do "Dirija-se à Mutlicaixa mais próxima." Que aqui ainda aparece com mais frequência do que por terras lusas.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Telemóveis.

Que eu acho que as coisas por aqui não funcionam muito bem, isto já deve ter transparecido para quem lê este blogue. No entanto resta saber porque isto acontece.
Às vezes, muitas vezes mesmo, será por culpa dos utilizadores, que não respeitam as regras, leis, ou simplesmente falta de civismo, e à boa maneira portuguesa, o "chico-espertísmo".

Outras vezes, há que reconhecer, é por culpa de quem fornece o serviço. Desde restaurantes a operadoras de telecomunicação, há coisas que de tão óbvias que são, é difícil de compreender como é que não se lembram de alterar certos procedimentos.

Aqui existem duas redes de telemóveis, a Movicel e a Unitel. A que tem mais utilizadores é sem dúvida a Unitel, um total de 5 milhões de utilizadores, pelo menos é o que diz a propaganda que passa na rádio repetidamente. Parece que tal como em Portugal, toda a gente com ou sem possibilidades, tem um aparelhinho destes.

Os carregamentos, dada a escassa utilização da rede de multibanco daqui, a MultiCaixa, são efectuados através de uns cartões tipo raspadinha, com um código que se introduz no telemóvel e fica-se com o saldo.

Até aí tudo aceitável, não fossem os UTT's.

Sinceramente não sei que alma é que certo dia acordou e lembrou-se: "Hoje estou aborrecido... Acho que me apetece complicar as coisas e criar confusão nas pessoas!", e lá conseguiu.

Um UTT é uma unidade de tempo do telemóvel, que obtemos no telemóvel quando o carregamos, com o tal cartão-raspadinha, com valores fixo de 900kz, 1350kz, e outros mais altos que nunca usei.


Sendo que 1UTT = 7,2 Kz, e que os UTT's são unidade fraccionáveis, obviamente que torna a conversão de UTTs para custo real, algo mesmo fácil para qualquer individuo.

Por exemplo se eu vós disser que o meu saldo actualmente são de 44,32 UTT's. Todos vós, sem excepção, dizem prontamente "Ah, claro! São 309,104 kwanzas."


PS: Chamo a atenção para o facto adicional de a unidade monetária mais pequena que existe ser uma nota de 5,00 Kwanzas. E não há cêntimos.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Paciência.

Acho que um dos maiores contributos que esta minha aventura por terras mwangolés terá no meu desenvolvimento pessoal, será sem a mais pequena dúvida, tornar-me uma pessoa mais paciente.

-Eu em Portugal que stressava se ficasse mais de 10min numa fila qualquer para ser atendido, passava-me. Aqui não há "maka"!

- Ficar parado numa fila de trânsito, e demorar mais meia hora para chegar a casa, passava-me. Aqui, se não moras e trabalhas em Luanda Sul, meia hora é coisa para meninos.

- Pensar que levar 1 hora no percurso casa trabalho era motivo para não aceitar um trabalho. Há pessoas que estão há mais de 6 meses a fazer 6 horas (3h+3h) todos os dias para ir trabalhar.

- Explicar mais que uma vez uma coisa a alguém, e a pessoa dizer sempre que percebeu, depois vais ver, e está a fazer precisamente o contrário...

- Haver 10 pessoas à volta de um trabalho, em que está um moço lá no meio a trabalhar, ao seu ritmo angolano (aqui faz calor, chefe), e os outros 9 a conversar e a ver.

- Teres que esperar alguns minutos no carro, a buzinar, para que o segurança te venha abrir a cancela, porque estava a dormir.

- Pedires algo num bar, o gajo diz ok, desaparece, volta serve outra pessoa, passado 5 minutos pensas que ele se esqueceu e pedes a outro. Pouco depois, chegam as coisas em duplicado.


Sinceramente, é preciso muito paciência ao princípio. Depois acabas por já nem ligar, habituas-te ao ritmo, e ris-te das situações.

Afinal estamos em Angola, chefe! Não há maka!




Glossário: "Não há maka". Significa, sem stress, não faz mal... Muito utilizada por cá. E cada vez mais percebo porque os pulas também a adoptam ao fim de uns tempos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pistoleiras!

Ao cair da noite vagueiam pelos meandros de Luanda, uma espécie feminina que nem aos mais desatentos consegue passar despercebida. São as "pistoleiras"!

Cuidado, elas andam aí!

Já tinha sido alertado por diversas vezes e diferentes pessoas, da sua astúcia e dos perigos e que delas advinha.
O certo é que por outros indivíduos, fui foi alertado das suas virtudes.
Obviamente que estranhei esta discrepância. Como pessoa curiosa que sou, achei por bem estudar o comportamento destes seres tão peculiares. E que sítio melhor para observá-las do que no seu habitat natural. Então lá tomei o banhinho e meti-me a caminho para a noite.


Sendo popularmente denominadas como "pistoleiras", saliente-se que é de todo injusto generalizar de modo tão grosseiro estas moças. Digo isto porque existem tipos distintos de "pistoleiras". Eu diria que pode-se agrupar em 3 grandes famílias.



A pistoleira comum.

Distingue-se por ir para a noite à boleia, não tendo viatura própria. Mora geralmente nos musseques, e caracteriza-se por raramente usar salto alto, calçado não muito apropriado para as deslocações em terra e lama, e poças contendo líquidos de origem desconhecida.
Pode ser qualquer uma.

Abordam os pulas, e alguns locais, com alguma frequência, de forma mais ou menos selectiva, recorrendo do seu faro para apurar as presas fáceis e que demonstrem interesse nos seus encantos (???).
Têm como principal objectivo, conseguir alguém, antes do sol nascer, para conseguirem boleia para casa. Diz-se que quando conseguem, para além da boleia, recebem uns kwanzas extras de quem as dá boleia.
Há pessoas mesmo simpáticas! Para além de darem boleia às moças, ainda lhes dão dinheiro!



A pistoleira de elite.

Vulgarmente designada por sniper, é uma pistoleira de gama alta, melhor produzida, com falsificações de marcas mais conhecidas, pode ou não morar nos musseques, e já não depende inteiramente de boleias alheias para ir para casa no final da noite.
Estas dada a sua perícia, e instinto mais apurado, apenas disparam certeiramente, a alvos marcados, sendo geralmente muito eficazes e mortíferas, fruto de serem facilmente confundidas por fémeas comuns.

Silent and deadly.

Têm como objectivo alvejar um pula ou nativo com "guito", para que iniciem uma relação dita de namoro, usufruindo assim de ofertas, mimos, jantares, carregamentos de telemóvel, entre muitas outras oferendas que a sua preza lhe presenteia.
A preza regra geral só se apercebe mais tarde de que foi atingido por uma "sniper", após já ter desembolsado uns valentes dólares.



Pistoleiras pesadas.

Aqui inserem-se aquelas que ao contrário das "snipers", mais se assemelham ao Rambo nos seus tempos áureos. Munidas das suas armas automáticas, disparam tantas balas quanto conseguem por minuto, procurando alvejar indiscriminadamente os seres do sexo oposto.
Caracterizam-se por andarem a vaguear pelo meio da pista de dança, a passar por todos os machos que lá existem, dando o seu traseiro, espalhando assim o seu charme (???) e intenso odor característico, conseguindo assim atordoar algumas vítimas incautas, atacando-os neste seu momento de debilidade.
Quantas mais balas melhor.

São facilmente identificáveis, pela sua aparência um pouco menos tratada do que as pistoleiras comuns, e pela dança característica em que empinam a sua zona inferior abanando-a vigorosamente.


NRD: As moças e tonalidades de pele, que estão representadas nas fotos desta mensagem, são meramente figurativos.
Não se assemelhando com a realidade. (O mesmo também se aplica ao Rambo, mas apenas para alguns casos)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Controladores.

Aqui por terras Angolanas não existem arrumadores. Estamos livres do sempre irritante "Destroce... Destroce...", e dos moços que chegam ao pé do carro quando já estamos a desligar o motor, mesmo assim pendem a moedinha. Aqui não há nada disto, não.

Existem os "controladores".

Dirão os mais curiosos, controladores porquê?

Bom, certo é que eles também ajudam a estacionar, eles também correm atrás do carro para serem os primeiros a chegar, eles também têm o instinto territorial, eles também pedem trocos (Nesse caso notas, porque não existem moedas de kwanza a circular, rezam os mitos que elas existem. É na onda das bruxas. Eu não acredito nelas, mas que as há, há.). Eles também são uns chatos do caraças, eles também andam todos "despachados" (para não dizer fodidos, porque a minha mãe também lê o blogue). Então porque não são arrumadores?

Porque ao contrário dos portugueses, eles dizem "Chefe, eu controlo aí o seu carro." Lá está! Controlo - controlador! Brilhante.

Eu até há bem pouco tempo pensava que estes parasitas eram completamente inúteis e que não serviam para nada. Que ficavam ali parados o dia todo, viam um carro e aproximavam-se. E só quando nos vamos embora é que se paga, nunca antes!

Mas confesso que este fim de semana eu mudei completamente de opinião.


Estava eu o Bruno e o André, a sair de um dos bares mais manhosos que já alguma vez pus os pés. Lá só se viam na pista cotas brancos a dançar com pretas novinhas. Separamo-nos dos outros 2 gajos que estavam connosco, e ao chegar perto do carro, sentimos aproximarem-se 5 angolanos por trás (ok, nada de trocadilhos ou piadas parvas). Um mete-me a mão no bolso (mais uma vez, nada de piadas), outro tenta tirar a carteira ao André, e instalou-se a confusão.

Nisto vejo ao longe um sexto angolano a correr na nossa direcção, a gritar "É o meu pula! É o meu pula!". Meio sem perceber o que raio se estava a passar, no meio da confusão toda, pensei que era mais um... E não é que é era o nosso controlador que vinha a correr?!?!... Ele sozinho meteu-se num assalto de 5 angolanos a 3 pulas, e não foi para ajudar a roubar. Ajudou os pulas!
Aí os números equilibraram-se, e acabou-se por resolver tudo a bem, os gajos afastaram-se e só me roubaram 10Kz (10 cêntimos...).


Ah, e tinha um segurança do outro lado da rua, que ficou quieto a ver a cena. Só lhe faltava mesmo o pacote de pipocas, e os óculos 3D.


Estes controladores que nutrem de tão pouca simpatia da população em geral, agora passaram a ter a minha admiração. E agora quando ouvir da próxima vez, "Chefe, o António controla aí o carro." Já sei que não é só o carro.


Bom, o mais irónico disto tudo, é que ao fim de mês e uma semana, esta foi a minha primeira tentativa de assalto aqui, em Luanda, que não foi preconizada por agentes da autoridade!


PS: Esta mensagem é dedicada a todos os controladores. Desde o que nos ajudou e não sei o nome, ao António, ao "Eu Sou Eu".

PS2: Depois conto a história do Eu sou Eu.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cinema.

Luanda sendo uma cidade "nova", só há bem pouco tempo é que teve o seu primeiro Centro Comercial. Já existem mais em construção, e de dimensões bem consideráveis.

O Centro Comercial Belas Shoping.

Tem lá tudo um que um centro comercial deve ter, uma zona de restauração, sem MacDonald's diga-se, mas tem o Big Bob e o Whimpy! Tem um chinês que é chinês e um Japonês que é brasileiro. Basicamente é lá que vamos sempre almoçar, no Só Peso.

O food court do Belas.

Lojas das mais variadas, cabeleireiros, e um super mercado grande, o Shoprite, onde faço as compras todas lá desde que vim para Luanda Sul. Até como à boa maneira tuga, não queriam ir ao Belas num domingo à tarde, é para esquecer...

Passeio de domingo.

Diga
-se de passagem que no outro dia descobri que o "Belas Shoping" é mais do que um centro comercial para alguns. Há uns clientes expatriados que ocupam as esplanadas à noite e lá bebem whisky feitos parvos (8€ cada se for velho). São meninos para deixar numa noite de semana normal 30/40€ em whisky e café.

A esplanada.

Aqui também existe cinema! Os filmes lá são recentes, e não como algumas pessoas perguntam se estava a estrear o Titanic (sim Mónica, és tu). A sessão custa a módica quantia de 1200 Kwanzas, qualquer coisa como 12€ (nas tardes para os fominhas paga-se apenas 8€).

Entrada para o cinema.

Perfeitamente conscientes dos riscos inerentes, mesmo assim decidimos arriscar, e anteontem resolvemos ir ao cinema. Filme, o X-Men.
Medos, apanhar o filme numa versão qualquer dobrada em Angolano ou Brasileiro. O pessoal durante o filme estar sempre a comentar e a falar para o Wolverine, a dar-lhe indicações e sugestões, chamando-lhe a atenção para os perigos que ele corria.

Mas surpreendentemente encontramos salas com excelentes condições. Boas cadeiras, tela grande, espaço entre cadeiras porreiro, um bom desnível entre fila (para não veres a cabeça do gajo da frente durante o filme). Só falha no pormenor de os braços das cadeiras não levantarem. Se bem que para mim não me faz diferença, mas deixou o Bruno realmente chateado!
Confesso que quando começou a passar os trailers e as luzes se apagaram, por momentos senti não estar em Luanda, por momentos senti-me em Portugal, por momentos estava em casa, por momentos...

Acordei quando se viu, na tela, a fita a queimar e as luzes se acenderam...

Exacto, estava mesmo em Luanda, a cidade onde tudo acontece! Ou como dizem os gajos dos states, "expect de unexpected".

Passado um minuto ou talvez nem tanto, resolveram a situação e lá voltamos a ver o filme sem mais sobressaltos.