quinta-feira, 30 de abril de 2009

And I think to myself, what a wonderfull world!

Definição de um bom dia, na pessoa de Miguel Estrela.

1º Receber o primeiro ordenado "Angolano";
2º Receber o reembolso do IRS;
3º Ser uma quinta-feira, véspera de feriado = fim-de-semana grande;
4º O sol brilhar lá fora;


quarta-feira, 29 de abril de 2009

Desabafos de um pula.

***************************AVISO****************************
Comunica-se aos demais que a mensagem que se seguem não contém qualquer imagens, apenas texto. Avisam-se as pessoas mais sensíveis a muitas letras juntas que poderão sentir efeitos secundários adversos, desde sonolência a tonturas. O MBA em Angola não assume qualquer responsabilidade por eventuais danos causados.
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Isso de tentar comunicar com gente que não fala a mesma "língua" que nós é muito stressante. Mesmo muito stressante. É preferível acabar por desistir do que dar em doido.

É lidar com jordanos, coreanos, malianos, angolanos e gajos que não dá para perceber de onde são. Ou sou eu que não me sei explicar, ou sei lá. Mas isso de andar dois dias a tentar explicar algo, que já tinha percebido onde estava o problema ao fim de 5 minutos a olhar para os desenhos, e convocarem-me 3 vezes para fazer visitas de 2 ou 3 horas cada à obra, e para ver sempre a mesma coisa que já tinha explicado nos desenhos, não vai com nada.


Por outro lado, tive ontem o meu primeiro, "acidente" (vá lá), de trânsito. Um pequeno toque, que o Sr. Garcia deu-me na porta, e que fez uns arranhões no lado direito do para-choques dele, e desencaixou-se um pouco.
Apesar de ele não ter seguro, eu assumi a culpa, e o seguro da empresa cobre os danos no carro dele

- Então, um gajo não chama a polícia (ele safa-se de multa do seguro em falta).
- Ele queixa-se que precisa do carro para trabalhar.
- Então dou a hipótese de resolver a situação sem ser pelo seguro, para não demorar semanas e o jovem não ficar sem carro.
- No dia a seguir vamos a um mecânico de rua no dia seguinte, que pede 100 dólares.

Óbvio que não quis dar os 100 dólares do meu bolso, que o mecânico pediu para arranjar um pára-choques que se desencaixou num lado (diz ele que é um dia de trabalho para desmontar o pára-choques). E dei ao Sr. Garcia duas alternativas à escolha:

Porta nº 1 - 30 dólares (negociáveis) porque ele consegue arranjar aquilo bem mais barato que as 100 dólares, sem grande qualidade é certo, mas a carrinha já está toda lixada. Só que fica com o carro para trabalhar e ir às aulas;

Porta nº 2- Meter no seguro, onde não pago um cêntimo pelo arranjo, e fica com o para-choques novo. Mas fica sem carro (porque aqui o seguro não dá carro);

E o que acontece? Ele agradece-me o facto de lhe dar uma alternativa ao seguro, e escolhe uma das portas, claro?

Pois é, sou acusado de "tentar enganar o preto", de tentar corrompê-los, de não ser racional, ser uma pessoa pouco culta, ser um pula com falinhas mansas, que hoje diz uma coisa amanhã diz outra. E no final ser ameaçado de partirem o pára-choques do meu carro.

E quando digo que o carro não é meu, mas da empresa, e partilho com o André e o Bruno, ainda ouve-se a indignação da moça: "Queres ver que que daqui a pouco ele vai dizer que não tem um carro para te dar enquanto o teu estiver a arranjar?!?"

É que é já a seguir! Até estava a pensar comprar-lhe um carro novo, porque o dele até já é velhinho. Pagar 100 dólares por danos morais. E depois ir à noite aconchegar-lhe os lençois (o beijinho ainda não decidi se dou).

Eu desisto de tentar perceber. Quem perde é ele. Vai o carro para o seguro e ele que fique semanas sem trabalhar, e sem receber! Vai sair-lhe mais caro do que se ele arranja-se o carro por ele...


Ah, e não estou a falar de gajos que andam por aí descalços (cada vez tenho mais respeito por eles, ao menos não têm a mania que são espertos), ou com habilitações literárias baixas... Todas as personagens que referi nas duas hitórias são engenheiros...

Será que sou racista?

Como diria certa personagem que por cá navega: "É axim, é a vida!"

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Fim-de-Semana

Sábado

Chegou o fim-de-semana, e uma indecisão terrível confrontava-nos!
Piscina ou praia? A dúvida! O dilema! A indefinição!

Urgia optarmos... Se a piscina estava ali mesmo ao lado a um minuto a pé, com água quentinha, sol, e sem trabalho nenhum para lá chegarmos, mas não tinha bar!
Opção A.

Por outro lado tínhamos a praia! Água quentinha, meia hora de carro, sol, controladores (os arrumadores à moda de Angola), e com bar!
Opção B.

Como a preguiça era muita, o espírito angolano começa a entranhar-se, até mesmo para tomar decisões, ficamos pela piscina...

Depois de uma manhã com formação em Segurança e Higiene no Trabalho, a falar de não conformidades e de Sistemas de Gestão de Segurança, nós bem merecíamos isso!
Calça chinelos, toalha para o ombro, e vamos lá não fazer nada!
"Copinhos de Leite" em banho maria.

Os nossos colegas lá do norte (Fernando da Mulemba, Luís do Estaleiro) juntaram-se a nós. E como é um condomínio fechado, com segurança 24h, apertadíssima - até revistam as malas dos carros dos funcionários - eles só precisaram de dizer que eram nossos amigos para entrar sem lá irmos.

O sol já desaparecia, e os dedos já todos enrugados.

À noite fomos para o Miami e depois para o Jango. A noite aqui não é muito cara, comparando com Lisboa. Pagamos cerca de 12€ para entrar no Miami, com direito a 2 bebidas branca (mas bem servidas, não como os suminhos que dão em Portugal). O Bruno foi o condutor de serviço, por isso não bebeu, como um menino bonito. Fora isso é ver os outros a dançar, é Kizomba, Kuduro, música brasileira, e tarrachinha. Nós ainda não entramos no espírito, dançamos sozinhos, como se faz lá nas terras tugas. Se bem que amigos nossos já dominam isso, o Martinho já é o rei aqui do sítio.


Domingo

Tínhamos combinado no dia anterior, acordar cedo para irmos para fora de Luanda (claro que só depois de avisarmos os nossos superiores, que é obrigatório, o que iríamos fazer no Domingo às 9h por telefone), e como já se está mesmo a ver, não foi nada disso que fizemos!

Acordamos às 12h, ainda ensonados, há que aproveitar o domingo para acordar mais tarde, e fomos para a praia na Ilha de Luanda, depois de "mata-bichar". Note-se que o Luís dormiu no sofá do André, logo foi menos uma viagem secante a fazer, o que calha sempre bem!

Cadeiras do Caribe, que nós como bons tugas, não vamos estar a pagar se podemos ficar na areia de graça.

Mais para o fim da tarde, era hora do tacho, e lá fomos nós comer. Enquanto estava tipo lagarto, ouvi uns cotas a pedir uma tosta de lagosta com um batido tropical, e não sei porquê, houve qualquer coisa ali que me soou extremamente aliciante! Então foi isso que pedi.
(Mas pelos vistos parece que não sou o único que ouve as conversas dos outros na praia, porque o Bruno também queria pedir o mesmo.)

"Gasolinas" no Caribe, à espera das tostas.

Meia hora depois, depois de apanharem as lagostas, cozerem, desfazerem, fazerem o pão, lá chegaram as nossas tostas. E eram mesmo boas! Se bem que com toda aquela maionese... A ver vamos como a barriga se aguenta! Quanto ao bolso, foram 2000 kwanzas, incluindo gorgeta, ou seja, cerca de 20€.

A tão cobiçada tosta de lagosta.

Próximo fim-de-semana tem feriado e vai ser grande, vamos sair de Luanda, conhecer a Angola verdadeira.


Glossário

"Copinho de Leite" - Brancos acabados de chegar a Angola, que ainda não apanharam sol em cima;
"Gasolinas" - Brancos acabadinhos de chegar a Angola, que não dominam nada disto por aqui;
"Mata-Bicho" - Matar a fome, tirar a barriga da miséria, comer.
Kizomba, Kuduro e Tarrachinha - Danças e sons angolanos.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mais um pouco de Luanda!

Já aqui falei do trânsito. De como é caótico, de como um simples percurso que se faz em 10 minutos pode demorar 1h30, dos candongueiros, das faixas de circulação em constante mutação. Só que agora tenho fotos!
Fixe, não? Assim não precisam de perder tempo a ler testamentos, nem podem pensar, "tanto texto, seca!"!

Pois é, lá no fundo nunca deixamos de ser aqueles putos que preferem ler livros com desenhos e bonecos, do que uns livros grandes cheios de texto e letras miudinhas.

O ideal mesmo era se eu metesse uns vídeos de Luanda, assim já não tinham que pensar, era só encostar e sacar das pipocas. Maravilha!

Agora acompanhem-me lá, numa ida normal para o trabalho.

Numa pacata manhã, quando ainda morávamos na Mulemba, toca o despertador às 5h40, ainda de noite. Arrancamos às 6h30, já o sol brilhava!
O que nos esperava!

Numa rua onde normalmente deveriam circular 2 veículos para cada lado, são bem visíveis 5 faixas numa direcção, e havia só uma na outra. Como é que se consegue? Fácil! Desde passeio a rasantes entre os carros, vale tudo!

Nós (1), o carro preto (2), o amarelo (3), o branco (4) e o candongueiro (5 faixas num sentido).

Trânsito completamente parado, o Sr. Candogueiro tem que fazer pela vida, e então sai do seu veículo motorizado, avança pela faixa de rodagem e tenta averiguar se existe alguma brecha por onde consiga se infiltrar e empatar ainda mais o trânsito! Não duvidem de que ele é mesmo capaz!

O Sr. Candongueiro de volta ao seu bolóide.

Também vê-se muita polícia pelas ruas, há zonas onde até se vê mais do que em Portugal. Tentam à sua maneira, controlar e disciplinar o incontrolável e o indisciplinável. Não têm tarefa fácil.
Não, não é o Chefe Joaquim.

Mas para que não pensem que a ostentação demonstrada na mensagem de ontem é regra por terras de N'Gola, aqui umas fotos das encostas que ladeiam a estrada até ao centro de Luanda. Quando há chuvas violentas, há derrocadas e morrem pessoas soterradas, pessoas que habitam nos musseques construídos lá no alto, no cimo destes morros de entulho e lixo. Num espaço qualquer onde consigam erguer uma barraca.

Musseques na Boavista.

A marginal, já na zona antiga de Luanda, tem um traço muito colonial, talvez a única zona de Luanda que se possa dizer que ainda tem uma identidade, todas as outras zonas estão um pouco descaracterizadas fruto da urbanização pouco orientada.
Na marginal, destacam-se desde logo alguma da muita construção moderna que por lá se ergue, desde a sede da Sonangol (empresa dos petróleos cá do burgo), à Torre Atlântico, e dentro em breve a Torre Ambiente, o Hotel Sana, os edifícios da Total, o Kinaxixi, e... e... Ok, pronto eu paro. (eu visto a camisola)

Torre Atlântico.
Edifício sede da Sonagol - Sociedade Nacional de Petróleos de Angola.

Ao fundo, vista da marginal, a Ilha (que não é ilha, mas sim uma península) de Luanda.

Um corta caminho porreiro para fugir ao trânsito.

Depois de mais umas estradas asfaltadas, e sem buracos, mais atalho menos atalho, lá chegamos ao destino. Eram 9h, e isso tudo graças ao Carlos, sem ele apontávamos lá para as 10h.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Desilusão!

Já deveria estar à espera! É sempre a mesma coisa... Estou revoltado!

A chuva torrencial que desabou por uns 15 minutos na zona Sul de Luanda, onde nos encontrávamos para ver a nossa nova casinha, deveria ter-me alertado para o que aí vinha, mas não.
À chegada, o dilúvio.

Certo é que saí da Mulemba com as expectativas bem altas, de ir para um sítio melhor, e onde nos meteram?

A cozinha.

A mesa, com o plasma ao fundo, com cabo e box digital!

O sofá azul.

A cama de casal.


Não há condições assim... Não é que a banheira não tem resguardo? Molha o chão todo! Indecente.

Ainda não estreei a piscina, parece que afinal tenho mesmo que trabalhar, por momento enganaram-me bem, e então ando a sair tarde. Aqui 19h já é noite escura. Mas como faz calor, talvez leve um mergulho ainda hoje.

Para mais fotos do interior, e para verem como é o exterior podem consultar estes blogues aqui e aqui.



Acho que vou ficar mal habituado, depois quando for para sair daqui vai ser bonito... Mas, há que aproveitar enquanto dura!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Diálogos de rua! - Acto II

Três amigos circulavam calmamente, o trânsito não permitia maior velocidade, ao fazerem uma curva, um agente da autoridade prontamente os mandou encostar.
- Boa Noite! Documentos do carro e passaporte!
- Aqui estão! - Miguel e Bruno entregam cópias do passaporte e os documentos do carro, André não tinha a sua consigo. Iríamos ter problemas!
- Estas cópias não têm carimbo, não vale nada. Tem que estar autenticada. - ao detectar esta falha, o guarda nem olha mais para os documentos do carro, já tinha encontrado uma oportunidade.
- Pois é, a empresa ficou com os passaportes e deu-nos isso, estão a tratar de uns papeis.
- Isso é uma infracção! Assim vou ter que vos deter e levar para a esquadra!
- Já ontem fomos parados e o chefe Joaquim disse que tínhamos um semana para resolver. - mentiu o Bruno.
- Quem?
- O chefe Joaquim! Estava ontem aqui neste mesmo sítio, mandou-nos parar e ele viu os documentos. Resolveu-se a situação.
- Mas vocês têm que ter documentos válidos na rua. Um angolano em Portugal tem que ter documentos, não tem?
- Sim, os angolanos e o portugueses também.
- Então como resolvemos isso? Cometeram uma infracção! Vocês os três, são 160000 kuanzas (1600€).

Para o chefe Joaquim a multa eram de 600mil kuanzas a cada um (6mil euros).
- Deve ser da revisão do código. - pensou Miguel para consigo - Eles ainda não o devem ter informado das alterações. - acreditou Miguel, convicto de que aqueles valores não eram inventados na hora. Afinal estamos a falar de gente séria, e porque razão haveriam eles de querer inventar um valor exorbitante para a multa?

- Olhe, então passe a multa, a culpa como é da empresa eles pagam. - disse Miguel com um ar inocente.
- Mas eu vou ter que vos deter, e levar para a esquadra.
- Ok, leve-nos então. Vou telefonar ao director dos transportes para que trate da multa e de nos ir lá buscar à esquadra com os nossos passaportes. - disse Miguel enquanto pegava no telemóvel, à procura do número.

Ao ver isto, o sr. guarda replica meio sem jeito:
- ... Não é preciso telefonar a ninguém... A gente pode resolver aqui o problema... Quanto conseguem arranjar?

Bruno abre a carteira, com várias notas lá dentro, diz:
- Só tenho 200Kz (2€)... - fora as outras notas que lá estavam, e parece que o guarda não reparou.
- Só? Mas o seu colega não tem passaporte! - replicou indignado o sr. guarda.

Nisto André saca de 300 e tal kuanzas (3€ e tal). Miguel não mexe no bolso porque tinha notas grandes, e a paciência dos 3 jovens era pouca. No passado domingo, já Bruno e André tinham dado ao tal chefe Joaquim 40 e tal euros.
- Quanto é que tem no total?
- Quase 600 kuanzas (6€).

Com um ar resignado, e desapontado, arrumou as notas:
- Bom, podem seguir. Mas tem de ter documento carimbado.
- Boa noite!

E lá seguiram os 3 jovens o seu caminho. E afinal, o André tinha a fotocópia consigo. Mas... também não estava carimbada! Cometeu infracção!


NOTA: Todas a personagens e factos relatados nesta história são de carácter ficcional. Qualquer semelhança com eventos reais serão pura coincidência.

Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye!

Invoco no tútulo deste post o "grande" (?) José Cid (em memória do meu amigo Pavão) para comunicar que a partir de hoje irei deixar a Mulemba (ohhhhhhhh), e irei para um aparthotel (400$ por noite é o preço para o público) com piscina (yeahhhhh).

Poderei dizer-vos que a Mulemba não deixa saudades. As noites mal dormidas, o barulho dos camiões a apitar (não percebo porque raio) durante a noite, o gerador do lado de fora da janela. Ah, e o helicóptero que tinha dentro do meu quarto! Eis-lo:
Esse sacana faz um barulho descomunal... acho que preferia mesmo que fosse um helicóptero... talvez fosse mais silêncio que esse bicho! Mas nós nutríamos de uma relação intensa, de um amor à primeira vista, que se transformou numa relação de amor-ódio! Não conseguia viver com ele, mas não podia viver sem ele! O calor à noite é complicado, e não conseguia adormecer com ele desligado.

Já não irei viver no meio de musseques nos próximos tempos (dizem que esta estadia é temporária, enquanto não resolver-se os conflitos do projecto onde estamos a trabalhar). Nem irei perder 3h de manhã no trânsito e mais 3h ao fim da tarde, no regresso a casa, porque vou viver para Luanda Sul, e não tenho que atravessar a cidade do Norte ao Sul... Hoje fiz a minha primeira viagem sozinho no carro a conduzir, e sobrevivi às longas 3h de filas e engarrafamentos! Isso depois de acordar pelas 5h30, para conseguir fugir ao trânsito... Irreal!
Agora no meu percurso casa-trabalho irei demorar 5 minutos apenas... Já posso acordar às 6h30!

Nota da redacção: Um musseque para quem desconhece é uma espécie de favela brasileira, só que com mais terra e pó. Onde a pobreza é extrema, e as condições mínimas não existem.


Bom, como diria uma colega nossa, talvez eu terei nascido com o virado para a rua, senão vejamos. Ao fim de 2 semanas, já temos portátil há uma semana (aqui em Angola a empresa não costuma dar portátil), mudara-nos para para Luanda Sul, enquanto que há pelo menos duas pessoas a morar na Mulemba há alguns meses e a vir trabalhar todos os dias para aqui, e passamos à frente deles! (acho que não estamos a fazer muitos amigos por aqui...)
Tínhamos um dos motoristas de elite da empresa só para nós, o dia inteiro parado à nossa espera a coçar. E deram-nos um carro provisório, enquanto os nossos não chegam, para podermos passear ao fim-de-semana (grande Sr. Lima).

Bom se bem que essa brincadeira do carro saiu cara. Mas isso é assunto para outro post.



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Adeus Mulemba até depois,
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar!
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Comida

Tinham-me dito que aqui era tudo caro, com excepção da gasolina, tabaco e meninas. Já pude confirma pessoalmente que é verdade! (menos o tabaco, que não fumo, e as meninas porque a Mónica partia-me a cara).
Mas também é preciso ver que tudo depende dos produtos que se compram, o facto de serem locais ou importados faz logo uma diferença brutal (o mesmo se deve aplicar às meninas... e ao tabaco!).

Uma simples refeição numa cena tipo Só Peso, que em Portugal já não é muito barato, aqui pode muito facilmente chegar aos 1894KZ ou seja cerca de 18,94€, ver foto. (para converter Kuanzas para Euros é só dividir por 100) . Claro que isso depende sempre do quão alarve és, porque paga-se ao kg! E acreditem que estar acordado desde as 5h45 da manhã, chegamos ao meio dia com o estômago colado, e ao encher o prato, até começar a cair comida deste, parece que esta vazio e que vou ficar com fome.
Há que aprender a dominar a mente, e acho que já vou conseguindo! Já consegui comer por 12,5€, o meu recorde pessoal! Mas o Bruno já conseguiu comer (deveria ter dito almoçar) por 10€ e o André por 7€... Pode ser que colocando só uma folha de alface e umas rodelas de cenoura consiga ficar a baixo deles! A ver vamos!

Compras de supermercado, tal como disse antes, depende muito do que se adquire. Há alguns preços parecidos com Portugal, outros estupidamente mais caros, e outros, como é o caso do gin, que chegam a ser mais baratos. Este supermercado em Luanda Sul, que fica no Belas Shoping, parece ser razoável, peca um pouco na variedade de produtos. Mas pelo que já percebi, as coisas existem por vagas, e quando um produto de uma marca surge, é logo em grande quantidade e quando se esgota, fica assim por um período alargado. Mas isso acontece porque a logística no porto de Luanda não é lá muito famosa, há barcos parados à espera para descarregar contentores durante semanas podendo levar 6 meses até um produto importado entrar no mercado por via marítima. Mas claro que as coisas podem sempre ser "agilizadas".

Há também os restaurantes e os mercados alternativos. No meu caso tenho cantina, onde como por 7,8€ uma refeição completa, mas nem sempre é possível lá ir porque o tempo que se perde no trânsito é irreal. E temos um supermercado para os funcionários, só que a nível de preços consegue ser mais caro do que as grande superfícies daqui, mas tem mais produtos portugueses.
No mercado de rua, a zunga, vê-se de tudo um pouco, desde peixe, a toalhas de banho, a bolachas, a isqueiros, capacetes de segurança, quadros de escola de marcadores, a gasolina!

As peixeiras cá do sítio.


Uma bomba de gasolina alternativa às muito concorridas normais.


Bicicletas à venda para putos.

Konica Estúdio, vê-se por tudo quanto é lado.


Há Sopa e Almoços.

Vendedores.

As fotos não estão com grande qualidade, também foram tiradas de dentro de um carro em movimento. Foi o que se arranjou para mostrar um pouquinho da realidade de Luanda. Mais fotos para breve.



sexta-feira, 17 de abril de 2009

Quase 2 semanas!

Ao fim de duas semanas quase completas aqui por terras vermelhas, o tsunami de sensações, informações e coisas diferentes, começa a acalmar, dando lugar a um mar sereno, que em breve será rotina.

Adaptação

Até então, a adaptação tem sido bastante melhor do que esperava, confesso que também as expectativas iam para lá do pessimismo. Aqueles 6 meses de preparação psicológica e de recolha de informação e opiniões (que iam de um extremo ao outro) serviram para preparar-me psicologicamente e ir absorvendo certos aspectos, muito negativos diga-se, que ao chegar aqui não foram nenhum choque.


Condições

Também, diga-se, que estar "protegido" pela estrutura da empresa permite-nos não sentir na pele alguns problemas diários da generalidade da população.
- Nunca tive falta de electricidade em casa, e no trabalho aconteceu por uns minutos. Viva os geradores e quem os mantém.
- Nunca tive falta de água, temos bombas (e electricidade para que estas funcionem sempre) no apartamento.
- Tivemos motorista nestas primeiras 2 semanas, o que permitiu conhecer o trânsito caótico, os caminhos e atalhos, e dentro em breve vou ter carro próprio. Aqui não há transportes públicos eficientes, apenas alguns autocarros (surgiram recentemente, e são poucos), e os tais "táxis", que nunca vi um pula a utiliza-los.
- Temos cantina, e um serviço de entrega de compras ao domicílio. O que tendo em conta as horas que se perde no trânsito, e os horários de trabalho, facilita em muito a vida. Isso se esse serviço funcionasse bem (aí o mestre, o mestre), mas isso é outra história!
- Ao chegarmos tinhamos casa, equipada com lençóis, toalhas, talheres, pratos, panelas e ar-condicionado. Não é fácil arranjar casa em Luanda. São caríssimas (rendas de 4mil dólares por mês), e não têm boas condições necessariamente.
- Temos empregada diariamente em casa, limpa, lava a roupa e passa! Menos uma preocupação!


Insegurança

A tão propalada insegurança, ainda não a sentimos na pele. Certo é que andar de motorista, numa carrinha com mais 4 marmanjos, pode facilitar nesse aspecto. No entanto é um facto que histórias de tentativas de assaltos, dar "gasosas" aos polícias, ou aos miúdos que abordam o carro, toda a gente tem. Assaltos à mão armada é que são poucos os relatos, mas também os há!
Aqui é frequente ver-se polícia nas ruas, desde "trânsitos", a polícia de segurança armada de arma metralhadora, a polícia de intervenção, vulgos "ninjas" (que andam armados aos pares numa mota, e esses moços não são lá de muitas conversas!)
Na minha opinião, há problemas de assaltos, como em muitos outros sítio, só que aqui um "pula" para os ladrões é sinal de dinheiro, o que nos torna alvos com mais frequência cá, do que em Portugal. Há também assaltos aos locais que mostram sinais exteriores de riqueza (e há muitos por aí).
Há quem diga que as coisas estão um pouco melhores agora, não sei. Depois quando começar a andar de carro sozinho digo alguma coisa.


Clima

O clima aqui é maravilha. Para quem gosta de calor, e não se importa com humidade, este é o sítio certo para vir viver! Claro que o ar-condicionado no carro, para as horas no trânsito, e no quarto, para dormir, dão uma ajudinha.


Saudades

Até agora como estou ainda no período de ressaca, não tem sido muito complicado, o dia muito ocupado, muita coisa nova a reter, o trabalho, tudo isto dá o que fazer à cabeça. Mas depois ao entrar na rotina do dia a dia, vai ser bonito...


Mónica

Ok, era só para dizer que é a mulatinha mais linda que eu conheço.


Lamechice

(ver parágrafo a cima)


Fotos

Tenho fotos da casa, e muitas que tirei pelas ruas, pelo percurso. Depois ponho aqui!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

BOPE

Ao chegarmos a Luanda fomos desviados para formar um equipa de elite. A esta equipe composta por 4 Brancos Ou Pulas* de Elite, vulgo BOPE, ou Team ZR, cabe a tarefa de resolver um conflito existente com um cliente.

Não é dos trabalhos mais aliciantes, mas sendo uma situação temporária, e tendo em conta a dimensão do projecto, do cliente e pessoas com que estamos a relacionar, até não é mau de todo. E se alguém tem de fazer o trabalho sujo, quem melhor do que a:

O nosso centro de comando de operações, (ver link para o blog do Bruno) onde nos debatemos em confrontos intensos com inimigos das mais diversas nacionalidades, desde coreanos, a jordanos, a malásios, a angolanos.

Isto não é para meninos!!



*Pula - Do latim "Pulaeum", é um substantivo simples, que também pode ser utilizado como adjectivo, termo muito utilizado em Angola, e que no dialecto angolano significa "gajo branco" ou simplesmente "branco".

terça-feira, 14 de abril de 2009

Mulemba!

Calhou-me o Bruno na rifa! Como se isso já não fosse mau o suficiente, fiquei na Mulemba, um local calmo e paradisíaco: Ainda não temos carro, o que condiciona um pouco as nossas deslocações. Então andamos por aí a passear com motorista, durante a primeira semana foi o Carlos, mas agora temos um novo motorista, que é o Carlos!! Que diga-se de passagem domina esses caminhos e ao pé dele o Schumacher é um menino do coro a conduzir ao domingo levando a sua avozinha à missa.
O transito é caótico, hoje por exemplo, como choveu durante a noite, levamos 3h para fazer uns meros 30km! E ao que parece temos que agradecer ao motorista, um colega veio sozinho e levou 4h30.

Aquela Toyota Hiace branca e azul na foto, é um "Taxi", vulgo "candongueiro", e estes meninos metem os taxistas de Lisboa no bolso quando toca a desrespeitar as regras de trânsito. Cobram 0.50€ (50 Kuanzas) por passageiro, e enchem o mais que podem a carrinha, jingando por entre os carros, ou criando novas faixas rodoviárias, ou até mesmo alterando o sentido destas. Vi pela primeira vez aqui em Luanda, um sistema de faixas alternadas uma circula para cá, a outra para lá, a seguinte para cá, e a outra para lá. O caos no transito muito se deve a estes meninos!
Dizem que o novo código da estrada que entrou em vigor, com novas regras e um maior aperto por parte da polícia aos candongueiro, está a melhorar um pouco o trânsito. Mas isso não se aplica aos dias de chuva, certamente...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Já aterrei!

Já cheguei a Luanda!

Bem, já foi há uma semana, mas pronto.

Estou bem de saúde e recomenda-se! Já fui mordido por mosquitos, mas ainda não morri, o que sempre é positivo! E como gosto de viver no limite, sentir a adrenalina, lavo os dentes com água da fonte, e até já ingeri bebidas com gelo sem saber a origem!

Por mais estranho que pareça temos tidos problemas logísticos e variados aqui em Angola. Só tive acesso à internet passado uma semana de aqui chegar (isso sem contar com a rede que se apanha no quarto do Bruno no cantinho da janela... admiro a paciência dele! Depois ponho foto!).
Quero ver se esta semana ainda, consigo arranjar uma placa usb, e aí em princípio vou actualizar mais vezes esse blogue e contar mais pormenores dessa terrinha.

Num breve apontamento posso acrescentar desde já que faz montes de calor e há montes de lixo.

Cumprimentos para todos!

PS: Tenho muitas saudades tuas fofita!

sábado, 4 de abril de 2009

A mala!

Que tema melhor para a inauguração de um blog do que o fazer da mala? Agora assim de repente, ocorreram-me uns quantos, mas como estou entretido a fazer a mala - diga-se que é um desafio não ultrapassar os 20kg, só a Mónica pesa 56kg, por isso acho que vai ter que ficar a trás - não me apetece entrar em reflexões muito mais profundas.

A ida para Angola, que há bem pouco tempo era "só por daqui a 6 meses!", é já na próxima segunda feira! Um misto de expectativa, tristeza, saudade, confiança e curiosidade confundem-me os pensamentos, por isso esta mensagem pode até nem ter muita lógica ou sentido, mas vendo bem, é assim que eu me sinto também.

Bom, a Mónica acabou de entrar no quarto, e gostei particularmente da cara dela ao olhar para a roupa espalhada em cima da cama, malas pelo chão, e um sem número de tralha, todos com senha tirada a esperar a sua vez de entrar na mala! ... TUM TON... Próximo!!!